Joaquim Melro (professor, doutor, diretor do Centro de Formação de escolas António Sérgio)
Ana Monteiro (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Susana Carvalho (gestora da formação da SPAT)
Daniela Martins (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Helena Pinto (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Joana Frada (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Maria Figueiredo (arte-psicoterapeuta da SPAT)
Rita Ponte (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Sónia Esteves (arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Telma Baptista (arte-terapeuta e formadora da SPAT)
Em representação de Portugal:
Ruy de Carvalho (médico, presidente da direção e vice-presidente do conselho científico da SPAT)
João Azevedo e Silva (psiquiatra, presidente de honra da SPAT)
Gerry McNeilly (grupanalista e arte-terapeuta, membro honorário da SPAT)
Susana Morgado Catarino (psicóloga, arte-psicoterapeuta e orientadora da formação da SPAT)
Ana Monteiro (psicóloga, arte-psicoterapeuta e formadora da SPAT)
Em representação do Brasil:
Angela Philippini (Arteterapeuta – Psicóloga-Diretora Acadêmica da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro-Doutora em Ecologia Social pelo EICOS/UFRJ)
Otília Rosangela (psicóloga clínica, professora e arte-terapeuta e coordenadora da pós-graduação em Arteterapia da Integrarte)
Selma Ciornai (Ph.D – Psicóloga, Doutora em Psicologia Clínica, Gestalt terapeuta e Arteterapeuta, Fundadora (1989) e Coordenadora Acadêmica do Departamento de Arteterapia do Instituto Sedes Sapientiae)
Em representação de França:
Richard Forestier (Professor universitário, diretor de pesquisa da Associação Francesa Afratapem – (Tours-St Cyr -sur-Loire), diretor científico e educacional dos graus universitários de Arte-Terapia (Tours e Poitiers)
Jean Luc Sudres (psicólogo, professor universitário, gerente educacional de D.U. Arte-Terapias e director Co-Educacional de D.U. Terapia musical)
Em representação de Inglaterra:
Dianne Waller (Professora, arte-psicoterapeuta, vice-presidente da SIPE e presidente da Associação Britânica de Arte-Terapeutas (UK)
Em representação da Grécia:
Lianna Polychroniadou-Prinou (arte-terapeuta, presidente da Sociedade Helénica de Arte-Terapia).
Em representação do Japão:
Elida Matsumoto (educadora de arte e artista plástica, tutor do curso da College of Healing Foundation e professora de suporte ao curso de Practioner no Japão).
Em representação dos Estados Unidos:
Barry Cohen (arte terapeuta e detentor do prémio da American Art Therapy Association e da International Society for the Study of Trauma and Dissociation)
Vivemos em tempos tecnológicos, não o podemos negar. O desenvolvimento tecnológico das últimas décadas transformou a organização do trabalho, do lazer, as nossas casas, as nossas deslocações, as nossas interações, e até a forma como encaramos a saúde, a doença, a vida e a morte. Em suma, o futuro anunciado nos mais audaciosos filmes de ficção científica do séc.XX chegou para ficar e para nos facilitar a vida. Ou será que não?
As reações perante o que o futuro trará em termos tecnológicos têm tanto de entusiasmo, como de receio. Se, por um lado, poderemos vir a encontrar muitas soluções para problemas humanos, por outro, corremos o risco de vir a criar problemas novos, e até, quem sabe, tornarmo-nos ‘menos humanos’.
A verdade é que a presença (quase globalmente omnipotente) da tecnologia digital veio ditar inclusivamente a nomenclatura das gerações desde os Baby Boomers (designação da geração nascida no pós 2ª GM no mundo ocidental). A Geração X, nascida daqueles até ao início da década de 80’ foi a última cujas interações na infância e adolescência não decorreram em simultâneo num mundo digital.
A Geração Y também designada de Millennials, embora nascida num mundo analógico que foi progressivamente dando lugar à era digital, já não concebe a sua vida sem recurso a um interface. Talvez pela possibilidade de ter todo o mundo à distância de um clique, pela rapidez de comunicações ou quem sabe pela mudança de paradigmas na educação e nas estruturas familiares, nunca saberemos ao certo, mas parece ter-se generalizado a crença de que esta geração é preguiçosa, auto-centrada e mimada. A revista Time em 2014 chamava-a de geração ‘me-me-me’ (eu-eu-eu). E se por um lado prima por uma consciência ambiental bem mais madura que as que lhe antecederam, é também graças a ela que a adição à tecnologia foi adicionada ao DSM V, guia de referência para diagnósticos na área da saúde mental e também ao CID-11, guia de referência clínica e diagnóstico da Organização Mundial de Saúde .
A Geração Z e seguintes são os ‘nativos digitais’. Caracterizados pelo espírito globalizante da World Wide Web, cresceram sem distinguir fronteiras entre países, e no entanto são aqueles que acusam maiores dificuldades na interação social, e maior tendência para o isolamento e desconexão num mundo em que paradoxalmente se encontram permanentemente conectados.
Assim, colocamos à reflexão de todos:
Se por um lado, é essencialmente libertadora e promotora de integração e literacia (como é o caso das aplicações dirigidas a idosos que vivem em isolamento, ou aqueloutras que permitem ensino à distância a crianças sem acesso à educação, entre tantas outras), por outro lado, pode aprisionar pelo escrutínio permanente que submete a vida privada à praça pública, ou pelo estímulo constante e permanente de termos TUDO, AQUI, AGORA, e que desabitua aos ritmos naturais de sermos humanos de carne e osso, permanecendo-se num mundo fora da realidade. O risco aqui é o da estereotipia imaginária fornecida de fora, impeditiva da reflexividade criativa progressiva auto-centrada.
O certo é que o mundo digital transforma a nossa vida todos os dias, desde a relação que temos connosco próprios e com outros, sejam família, amigos, grupos, instituições, ou Estado, até à modificação de todas as áreas que compõem o tecido social, de entre as quais nos interessam particularmente neste congresso, a educação, o trabalho, a saúde e o lazer.
Em particular aos educadores, sejam professores ou pais, afigura-se-lhes a árdua tarefa de conciliarem o uso útil e inevitável dos instrumentos digitais, colocados ao serviço da aprendizagem e da inserção competente num mundo cada vez mais digital, com o abuso, nomeadamente de jogos e redes sociais, que se pode configurar numa verdadeira adição.
Enquanto Arte-Terapeutas/Psicoterapeutas, promotores de desenvolvimento pessoal e criativo, bem como de saúde e bem-estar nas populações com que trabalhamos, temo-nos deparado com o impacto destas realidades na nossa prática, sabendo que a reflexão que proporcionamos, a par com o gradiente criativo associado às funções terapêuticas da arte, à vivência estética e ao fazer artístico, corresponde a uma intervenção diferenciada capaz de dar resposta a estas problemáticas tão emergentes. Foi Albert Einstein que disse: “O pensamento lógico leva-nos de A a B mas a imaginação pode seguramente levar-nos a qualquer lugar do universo”. Este imaginário concretizado nas artes é a dimensão virtual intrínseca à mente humana, que oferece um contraponto à realidade, onde a mesma pode ser manejada e modificada, com possibilidade de imprimir transformações no mundo externo, tal como no interno. A Arte-Terapia/Psicoterapia enfoca e opera precisamente neste registo virtual onde se articulam aquelas duas dimensões.
Não nos poderemos alhear do incrível e praticamente infindável potencial que a tecnologia nos oferece para o desenvolvimento da arte e do processo criativo, tanto na esfera terapêutica como na vida, podendo ser usada como aliada numa dimensão positiva e enriquecedora da nossa existência. Os instrumentos digitais podem revelar-se muito úteis à prática da Arte-Terapia/Psicoterapia, desde os atendimentos à distância até aos programas, jogos e apps que permitem criar.
Pretendemos que este Congresso reúna reflexões criativas, pertinentes, e até quem sabe, provocadoras, sobre este tema tão atual.
Subtemas: